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Grupos de apoio garantem gestação mais saudável e tranquila

Gestar é lidar com algo completamente novo, desconhecido. São nove meses de expectativa e emoções à flor da pele. É a fase mais divina da mulher e também a mais tumultuada de sentimentos contraditórios.

A mulher fica mais sensível, apreensiva e chorosa. Muitas perguntas surgirão, com muitas preocupações, dúvidas e curiosidades. O casal enfrenta mudanças na relação – agora não serão mais dois, e sim três pessoas na família –, e assim, seja o segundo ou o terceiro filho, ocorrerão modificações importantes que merecem uma atenção especial.

Justamente nessa fase tão delicada sabemos que é necessário procurar o equilíbrio emocional. Participar de grupos específicos para as gestantes é um bom caminho para que a gestação aconteça de maneira tranqüila.

No grupo, a gestante poderá trocar experiências com outras mulheres, perceber que as dúvidas e conflitos são parecidos, conviver com este período de descobertas e de muita instabilidade de uma forma mais tranqüila, dividir os temores e dúvidas em relação ao parto, aprender técnicas de relaxamento e respiração específicas para o parto, ter dicas de como lidar com o bebê (como os cuidados básicos), como lidar com cólicas, técnicas de massagem para o bebê (Shantala), período pós-parto, amamentação, entre outros assuntos.

Os temas são desenvolvidos em 12 encontros e a mulher poderá participar em qualquer tempo da gestação. O pai também pode fazer parte de alguns encontros específicos, como no dia dos cuidados com o bebê, da amamentação, entre outros.

Os encontros proporcionam teoria e prática, com vivências que sensibilizarão para uma gestação mais saudável e harmoniosa para a mãe, pai, e principalmente para este novo ser: o bebê!

A psicóloga Luciane Rossi Alves desenvolve grupo de apoio à gestante.

Autor: Luciane Rossi Alves

Depoimento de mãe: “Só amá-la foi fácil…”

Surpresa! Surpresa! Confirmação da gestação, misto de medo e alegria.

Questionamentos de mãe: “Será que tudo correrá bem?”; “O bebê nascerá com saúde?”; “Fisicamente darei conta pelos problemas da última gestação que foi apenas há um ano?”.

Novo ser crescendo dentro de mim sem nenhuma preocupação, simplesmente crescendo.
Movimento de preocupação dos pais, contar para a família, para os amigos, para as pessoas do trabalho. Quanta gente e quantos comentários, bons e ruins, uns incentivavam e outros destruíam.

E o bebê crescendo…

Exames, checagem de como a mãe está, informações de todas as possibilidades de uma quarta gestação aos 42 anos.
Tudo correndo muito bem, às vezes algum mal estar, mas nada que um descanso não ajude.
Intuía que alguma coisa estava por acontecer, não simplesmente a vinda de um bebê, mas algo que pediria mais da minha vida. Nome escolhido mesmo antes de engravidar, algo soprou no meu ouvido: Lorena.

Todos os acontecimentos anteriores da própria vida me preparavam para um acontecimento maior, mas nada estava claro.
Arriscar a própria vida para dar a vida. Quanta ambiguidade de sentimentos. Medo e alegria; ansiedade e tranquilidade que tudo daria certo.

Surpresa! Tudo certo com a mãe, mas e o bebê? Aquele bebê que chegou de surpresa trouxe uma surpresa ainda maior… Não era aquele dos planos idealizados nos sonhos de uma mãe, mas um mais especial… Com Síndrome de Down.
Quantas questões surgem neste novo – digo novo – acontecimento.
Exames e médicos antes nunca cogitados, como geneticista, exame cariótipo, ecocardiograma, entre tantos outros. E agora?
Quanta frustração inicial ao vivenciar a Síndrome de Down.
Força e fraqueza, luto e choro. Nas primeiras semanas o silêncio toma conta da alma.

É preciso passar pelo luto para depois iniciar a luta. Luto de um bebê idealizado, dos nossos sonhos. Na gestação já temos planos, projetos e escolhas para o filho dos nossos sonhos.
Luta para vivenciar esta história, este filho que veio “embrulhado em papel de presente”. Luta para perceber que ele veio para nos ensinar a amar.

Não foi por acaso que este bebê entrou em nossas vidas, num momento especial, onde a família já está de certa forma estruturada, onde o apoio e ajuda mútua ocorrem mais facilmente.
Momento para perceber que ser mãe é amar incondicionalmente, independente de nossos projetos e desejos.
Momento para viver um relacionamento mais maduro no casamento, onde força e coragem superam todos os obstáculos.

Esta criança nasce na ingenuidade, mas já nos torna melhores.

Com sua chegada inicia-se um novo ciclo, uma nova fase, que com o coração podemos enfrentar este ser especial, que nas suas possíveis limitações mostra a nossa fraqueza e nossa grande limitação de amar!

Em resumo: no início nada foi fácil. Só amá-la era fácil. Isto bastou para nesses dois últimos meses a vida se tornar diferente e esta diferença ter sentido e significado real!

12/06/2012 – Depoimento de Luciane Rossi Alves a respeito de sua filha nascida em 31/03/2012.